quinta-feira, 22 de abril de 2010

O “Oceano” dos Parlapatões e Pia Fraus

Por Clarice Monteiro
Repórter
Fonte: Jornal CORREIO de Uberlândia


O espetáculo “Oceano”, que estreia amanhã em Uberlândia e segue em curta temporada até domingo, promete um mergulho do público em dois universos misteriosos e encantadores: o mundo submarino, com seres e ambientes aquáticos, e o mundo do circo, com números inovadores e uma proposta radical de apresentação.

Conduzido pela trupe do Circo Roda Brasil, o espetáculo idealizado por Hugo Possolo se desenrola com a história de um menino que descobre o fundo do mar ao ser engolido pelo ralo de sua banheira na tentativa de recuperar o seu patinho de borracha. “O show tem um alcance bem lúdico. Fazemos a fusão de vários elementos, tradicionais e contemporâneos, para agradar a todos os públicos de todas as idades”, disse a produtora Alessandra Brantes.

Em "Oceano", o grupo dá continuidade à proposta de renovação da arte circense brasileira, iniciada em 2006, com a formação do Circo Roda Brasil e de seu primeiro espetáculo "Stapafúrdyo, apresentado em mais de 15 cidades brasileiras.

Aos números com palhaços, trapezistas e malabaristas são adicionados novos elementos como rampas de patinação, teatros de bonecos, dança, efeitos especiais, projeções, pernas de pau com jumpers (molas), entre outros. O cenário criado por Luís Frúgoli, com diversos tons de azul, tecidos e as mais diversas criaturas do mar, e a trilha de autoria de Branco Mello, do grupo Titãs, em parceria com Emerson Villani, interagem com as apresentações no picadeiro e envolvem o público na magia da história.

“O circo vinha perdendo seu papel como uma forma de arte. Então o nosso marco é promover a mistura das linguagens da dança, música, teatro e novas tecnologias”, afirmou Brantes.

Segundo a produtora, em Uberlândia, o grupo está experimentando também a apresentação em local diferente. “Geralmente apresentamos sob a lona do circo, de forma bem tradicional. Aqui, por ser uma turnê curta, vamos testar a casa de show. O intuito é criar relação com o público. Queremos que sintam o espetáculo, que se encantem, saiam felizes e voltem.” O local abriga plateia de 800 pessoas.

Disciplina e dedicação para o elenco

Pelo formato diferente da apresentação, em que os números contam uma história, os artistas têm uma rotina de preparo mais exigente que em circos tradicionais. O elenco desempenha vários papéis, por isso, segundo a produtora Alessandra Brantes, os artistas fazem semanalmente aulas de dança e academia, entre outros treinos. “Há um cuidado constante com a alimentação e com o condicionamento da equipe, mas eles são até compulsivos com os ensaios”, disse.

Uma das artistas da trupe, composta de 50 integrantes, sendo 28 do espetáculo “Oceano”, é a acrobata aérea Jassy Brischi, de 25 anos. Há seis ela trabalho com circo. No grupo Circo Roda Brasil, Jassy está presente desde o início do espetáculo “Oceano”, há dois anos. “O bom de trabalhar em espetáculos é que tenho possibilidade de desenvolver o trabalho e ir melhorando a cada apresentação. Mas é uma batalha, porque fazemos musculação e exercícios para manter o alongamento. Tento também conciliar a rotina de viagens com meu namorado, que também trabalha em circo, além das aulas da faculdade”, disse. Jassy, que sempre foi apaixonada pelo circo e está terminando o curso de Artes Visuais. Ela afirma que, mesmo ao se formar, não pretende trocar de profissão. “No circo, todas as artes se juntam.”

Arte circense ganhou espaço

O Circo Roda Brasil, fruto da união dos grupos Parlapatões e Pia Fraus, apresenta-se em inúmeras cidades com o intuito de pulverizar o trabalho circense e posicioná-lo em destaque na arte. Além de investir em pesquisas cênicas e na manutenção e renovação dos repertórios, o grupo integra outras companhias para fortalecer o movimento circense. De acordo com a produtora Alessandra Brantes, é preciso valorizar o circo. “Houve um declínio do circo brasileiro nos últimos anos, mas de 2004 para cá, muita coisa melhorou. Com a criação da coordenação de circo pelo governo, estão sendo elaboradas leis que favorecem o circo e os artistas, com enfoque para questões que antes não eram levantadas, como condições de aposentadoria. Tudo isso ajuda o circo a retomar seu lugar no meio da massa cultural”, afirmou.

O futuro é otimista para o grupo, que já prepara seu terceiro espetáculo (ainda sem nome), com previsão de estreia em setembro deste ano no Rio de Janeiro.

Circo Roda Brasil - "Oceano"
Quando: 23/4 – sexta-feira: 21h; 24/4 – sábado: 16h, 18h e 21h; 25/4 – domingo: 16h e 19h
Local: Acrópole - rua José Resende, 4090 - Custódio Pereira
Quanto: R$ 30 (inteira) R$ 15 (estudante) - A bilheteria na Acrópole abre duas horas antes de cada sessão
Contato para informações: 9226-3424

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